Divulgação das atividades da Biblioteca da Escola Básica Dr. Afonso Rodrigues Pereira (do Agrupamento de Escolas da Lourinhã).

07 julho 2009

No teu deserto

O escritor e jornalista Miguel Sousa Tavares lança hoje "No teu deserto", com chancela da Oficina do Livro.
É o seu 10º livro e surge dois anos depois do romance histórico "Rio das Flores".

Miguel Sousa Tavares, 57 anos, actualmente cronista do Expresso e comentador da TVI, é um dos autores mais lidos em Portugal.

O seu maior sucesso literário é o romance "Equador", que valeu a Miguel Sousa Tavares o prémio Grinzane Cavour, para melhor romance estrangeiro publicado em Itália. A obra foi adaptada para uma série televisiva que está actualmente a ser exibida.

Tem ainda publicados os livros de crónicas "Um nómada no Oásis", "Anos perdidos" e "Não te deixarei morrer, David Crockett" e os livros infanto-juvenis "O segredo do rio" e "O planeta branco".


Excerto

«Éramos donos do que víamos: até onde o olhar alcançava, era tudo nosso. E tínhamos um deserto inteiro para olhar.»
«Ali estavas tu, então, tão nova que parecias irreal, tão feliz que era quase impossível de imaginar. Ali estavas tu, exactamente como te tinha conhecido. E o que era extraordinário é que, olhando-te, dei-me conta de que não tinhas mudado nada, nestes vinte anos: como nunca mais te vi, ficaste assim para sempre, com aquela idade, com aquela felicidade, suspensa, eterna, desde o instante em que te apontei a minha Nikon e tu ficaste exposta, sem defesa, sem segredos, sem dissimulação alguma.»«Parecia-me que já tínhamos vivido um bocado de vida imenso e tão forte que era só nosso e nós mesmos não falávamos disso, mas sentíamo-lo em silêncio: era como se o segredo que guardávamos fosse a própria partilha dessa sensação. E que qualquer frase, qualquer palavra, se arriscaria a quebrar esse sortilégio.» «Eu sei que ela se lembra, sei que foi feliz então, como eu fui. Mas deve achar que eu me esqueci, que me fechei no meu silêncio, que me zanguei com o seu último desaparecimento, que vivo amuado com ela, desde então. Não é verdade, Cláudia. Vê como eu me lembro, vê se não foram assim, passo por passo, aqueles quatro dias que demorámos até chegar juntos ao deserto.»

 

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