
O primeiro cabo-verdiano a receber o Prémio Camões, nasceu na cidade da Praia (ilha de Santiago, Cabo Verde), em Janeiro de 1941.
Foi um elemento activo da geração de sessenta, um dos fundadores da Sèló: Folha dos Novíssimos. Tem colaboração dispersa em várias publicações (Mákua, Alerta, Imbondeiro, Ariope, Boletim de Cabo Verde, Vértice, Raízes, Ponto & Vírgula, Fragmentos e Sopinha de Alfabeto).
Publicou dois livros de poesia - Poemas (1981) e Mitografias (2007); a novela O Eleito do Sol (1989) e o romance No Inferno (1999).
O Prémio Camões, criado em 1988 pelos governos português e brasileiro, distingue todos os anos escritores dos países lusófonos.
Quiproquó
Há uma torneira sempre a dar horas
há um relógio a pingar no lavabos
há um candelabro que morde na isca
há um descalabro de peixe no tecto
Há um boticário pronto para a guerra
há um soldado vendendo remédios
há um veneno (tão mau) que não mata
há um antídoto para o suicídio de um poeta
Senhor, Senhor, que digo eu (?)
que ando vestido pelo avesso
e furto chapéu e roubo sapatos
e sigo descalço e vou descoberto.
Arménio Vieira
Há uma torneira sempre a dar horas
há um relógio a pingar no lavabos
há um candelabro que morde na isca
há um descalabro de peixe no tecto
Há um boticário pronto para a guerra
há um soldado vendendo remédios
há um veneno (tão mau) que não mata
há um antídoto para o suicídio de um poeta
Senhor, Senhor, que digo eu (?)
que ando vestido pelo avesso
e furto chapéu e roubo sapatos
e sigo descalço e vou descoberto.
Arménio Vieira